A luta social sempre esteve nos pilares da nossa instituição!
Leia este ensinamento e compreenda a opinião de Mokiti Okada sobre os problemas da sociedade atual.
O mundo atual está
fortemente dominado por maus elementos. A opressão e o sofrimento causados aos
homens de bem, é fato que ninguém ignora. Esclarecerei a causa fundamental de
semelhante situação.
Em todas as épocas, os
honestos foram considerados fracos, e os perversos, fortes, conceito que
facilita ainda mais o predomínio e o abuso dos corruptos e dos corruptores.
Antigamente, os homens de bem eram forçados a resignar-se, impotentes contra a
violência dos malfeitores, pela falta de leis e órgãos de policiamento. Dentre
os civis, os mais fortes e arrojados sobrepunham-se aos demais. A História e os
contos japoneses dão exemplos de maus elementos da classe dos samurais que
abusavam da espada, impondo, assim, obediência aos civis indefesos.
Há uma diferença
capital entre a sociedade antiga e a moderna. Após a reforma Meiji, em 1868,
quando o imperador Meiji restaurou o poder monárquico que esteve nas mãos de
governos militares durante trezentos anos, deu-se início à era da civilização,
aperfeiçoando-se, paulatinamente, as leis e a sociedade em geral, até os dias
de hoje. Após a guerra, aliviou-se o ambiente social, com o desaparecimento da
oligarquia e a repressão quase total do banditismo.
Ultimamente, os maus
elementos substituíram a violência por processos ardilosos, atormentando as
pessoas honestas com interesses monetários, intimidações e ameaças que escapam
sutilmente à Lei. São casos típicos de extorsão e exploração, mas outros fatores
não mencionados aqui existem ainda para tormento dos homens. Sempre partem de
criaturas inescrupulosas e astutas, que vivem abusando da Lei, através de
trapaças e estratagemas engendrados para a satisfação de seus interesses.
Lamentavelmente, tais elementos pertencem, muitas vezes, às classes média e
alta. Os “chefões” não desaparecem e os escândalos burocráticos continuam,
porque os inocentes não recorrem à Justiça, temerosos de vinganças descabidas.
Ninguém ignora que uma das causas do mal social é a fraqueza dos homens
honestos.
Sempre me mantive fiel
ao princípio de que o honesto e virtuoso deve vencer o malvado. Graças a esse
princípio, sempre recorri à Justiça para solucionar diversas questões. A mais
longa batalha judicial que já enfrentei vem se prolongando há mais de dez anos,
pois tenho por critério que o homem de bem, o homem justo, nunca deverá ser
vencido pelo homem perverso, e que o autêntico bem é muito mais forte do que o
mal. A principal razão de ainda não se ter conseguido exterminar o mal da
sociedade humana, reside no fato de que os virtuosos se deixam vencer pelos
desonestos e inescrupulosos, dos quais o mundo está cheio.
O indivíduo honesto,
mas fraco, não é um honesto autêntico, e sim um pusilânime. É um honesto
passivo, que não se insurge contra o mal. Embora não pratique más ações, não
passa de um covarde, permitindo o alastramento do mal para poder manter-se em
segurança. Se os indivíduos perversos chegassem a se convencer da inutilidade
dos seus esforços e da conveniência de participar do mundo dos honestos, por
serem estes invencíveis, poderosos e incontroláveis, certamente o mal social
decresceria e teríamos um mundo mais confortável e alegre.
Aceita esta teoria,
ainda que os honestos, apesar da maior boa vontade, nada possam fazer
individualmente, o recurso seria formar uma entidade denominada, por exemplo,
“Associação contra o Mal”. Sugiro este plano por considerá-lo uma excelente
medida para a reforma social que precisa ocorrer urgentemente.
15 de outubro de 1949