domingo, 28 de agosto de 2016

SEJAM FORTES OS VIRTUOSOS

Será que a aceitação passiva das injustiças e desigualdades sociais é algo aceitável? 

A luta social sempre esteve nos pilares da nossa instituição! 

Leia este ensinamento e compreenda a opinião de Mokiti Okada sobre os problemas da sociedade atual.



O mundo atual está fortemente dominado por maus elementos. A opressão e o sofrimento causados aos homens de bem, é fato que ninguém ignora. Esclarecerei a causa fundamental de semelhante situação.
Em todas as épocas, os honestos foram considerados fracos, e os perversos, fortes, conceito que facilita ainda mais o predomínio e o abuso dos corruptos e dos corruptores. Antigamente, os homens de bem eram forçados a resignar-se, impotentes contra a violência dos malfeitores, pela falta de leis e órgãos de policiamento. Dentre os civis, os mais fortes e arrojados sobrepunham-se aos demais. A História e os contos japoneses dão exemplos de maus elementos da classe dos samurais que abusavam da espada, impondo, assim, obediência aos civis indefesos.
Há uma diferença capital entre a sociedade antiga e a moderna. Após a reforma Meiji, em 1868, quando o imperador Meiji restaurou o poder monárquico que esteve nas mãos de governos militares durante trezentos anos, deu-se início à era da civilização, aperfeiçoando-se, paulatinamente, as leis e a sociedade em geral, até os dias de hoje. Após a guerra, aliviou-se o ambiente social, com o desaparecimento da oligarquia e a repressão quase total do banditismo.
Ultimamente, os maus elementos substituíram a violência por processos ardilosos, atormentando as pessoas honestas com interesses monetários, intimidações e ameaças que escapam sutilmente à Lei. São casos típicos de extorsão e exploração, mas outros fatores não mencionados aqui existem ainda para tormento dos homens. Sempre partem de criaturas inescrupulosas e astutas, que vivem abusando da Lei, através de trapaças e estratagemas engendrados para a satisfação de seus interesses. Lamentavelmente, tais elementos pertencem, muitas vezes, às classes média e alta. Os “chefões” não desaparecem e os escândalos burocráticos continuam, porque os inocentes não recorrem à Justiça, temerosos de vinganças descabidas. Ninguém ignora que uma das causas do mal social é a fraqueza dos homens honestos.
Sempre me mantive fiel ao princípio de que o honesto e virtuoso deve vencer o malvado. Graças a esse princípio, sempre recorri à Justiça para solucionar diversas questões. A mais longa batalha judicial que já enfrentei vem se prolongando há mais de dez anos, pois tenho por critério que o homem de bem, o homem justo, nunca deverá ser vencido pelo homem perverso, e que o autêntico bem é muito mais forte do que o mal. A principal razão de ainda não se ter conseguido exterminar o mal da sociedade humana, reside no fato de que os virtuosos se deixam vencer pelos desonestos e inescrupulosos, dos quais o mundo está cheio.
O indivíduo honesto, mas fraco, não é um honesto autêntico, e sim um pusilânime. É um honesto passivo, que não se insurge contra o mal. Embora não pratique más ações, não passa de um covarde, permitindo o alastramento do mal para poder manter-se em segurança. Se os indivíduos perversos chegassem a se convencer da inutilidade dos seus esforços e da conveniência de participar do mundo dos honestos, por serem estes invencíveis, poderosos e incontroláveis, certamente o mal social decresceria e teríamos um mundo mais confortável e alegre.
Aceita esta teoria, ainda que os honestos, apesar da maior boa vontade, nada possam fazer individualmente, o recurso seria formar uma entidade denominada, por exemplo, “Associação contra o Mal”. Sugiro este plano por considerá-lo uma excelente medida para a reforma social que precisa ocorrer urgentemente.


15 de outubro de 1949

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

TEMPO É DEUS


O tempo demonstra para o homem a própria futilidade do bem e do mal. Conceitos antigos que consideram algo ruim, hoje podem se tornar bons e vice-versa. Portanto devemos está cientes de que a Justiça e a injustiça para a verdade são apenas uma única coisa.

Indo ao ensinamento... 

Tudo que existe, inclusive o que se relaciona ao homem, é regido pelo Tempo. A delimitação do apogeu e da decadência subseqüente, das mudanças históricas, das definições do bem e do mal, da justiça e da injustiça, tudo está subordinado a ele. Por esse motivo, o que agora é um bem daqui a alguns anos poderá ser um mal, e aquilo que hoje é considerado verdade poderá ser desprezado amanhã, por tornar-se falso. O passado nos mostra que as coisas que atualmente estão no apogeu um dia infalivelmente entrarão em decadência. Assim, pode-se dizer que não existe verdade nem mentira absolutas, havendo mesmo um antigo provérbio que afirma que a justiça e a injustiça são como se fosse uma coisa só. Ambos conceitos, sem qualquer sombra de dúvida, são verdades.
Antes do término da Segunda Guerra Mundial, acreditava-se que não havia nada superior ao amor e à lealdade à Nação e ao Imperador. Mas como vivem, presentemente, aqueles japoneses que fizeram da vida um brinquedo? O resultado foi completamente contrário ao que se esperava: eles vivem agonizando sob trágico destino, de modo que o povo deve ter compreendido o quanto eles estavam errados.
É claro que a reviravolta ocorrida no fim da guerra foi obra do Tempo. A História não muito remota nos mostra outros exemplos. Com o advento das inovações trazidas pela Era Meiji, todos os senhores feudais, assim como seus serviçais e outros elementos da Era Tokugawa perderam suas posições. Até o cargo de ministro de Estado foi assumido por um homem do povo, quase desconhecido, o que lembra muito a situação atual. Mas como deverá ser encarada a decadência das classes privilegiadas, como as famílias imperiais, os nobres e os milionários? Naturalmente, como obra do Tempo. Segundo os ensinamentos da fundadora da Igreja Oomoto, “nem Deus pode vencer o Tempo”. Esta frase encerra uma profunda sabedoria e diz tudo. Por isso pensamos não haver nenhuma inconveniência em afirmar que o Tempo rege tudo o que existe sobre a Terra.
Pelas razões aqui expostas, não posso deixar de pensar que os homens precisam ter muito mais interesse por essa categoria absoluta denominada TEMPO.

25 de junho de 1949

sábado, 20 de agosto de 2016

SUBJETIVISMO E OBJETIVISMO


Os homens se prendem ao seu próprio ponto de vista, sendo inflexíveis para opiniões alheias e sempre julgando o próximo baseado no que pensa. Para mudar isto, devemos nascer novamente]

“Todo homem nasce mesquinho. Para aperfeiçoar-se, deve cultivar uma segunda personalidade, ou seja, nascer pela segunda vez.” Ruiko Kuroiwa.


Assim conseguiremos observar os próprios atos criticando a si mesmo e dessa forma, evitaremos muitos problemas.

Indo ao ensinamento....


É tendência do ser humano prender-se aos seus próprios pontos de vista; isso acontece com mais freqüência entre as mulheres. Trata-se de uma tendência altamente perigosa, porque aquele que sustenta inflexivelmente as próprias opiniões, considerando-as verdadeiras, julga o próximo baseando-se nelas, de modo que as coisas não acontecem como se esperava. Geralmente essas pessoas torturam a si mesmas e aos seus semelhantes.
É necessário que o homem aprenda a se analisar objetivamente, isto é, crie em si uma “segunda pessoa” que o veja e critique. Tal prática lhe evitará muitos problemas.
O Sr. Ruiko Kuroiwa, ex-diretor do antigo jornal Yorosutyoho e famoso tradutor de romances, também cultivava a Filosofia. Fui ouvinte assíduo de suas palestras. Citarei um trecho que ouvi e muito me impressionou: “Todo homem nasce mesquinho. Para aperfeiçoar-se, deve cultivar uma segunda personalidade, ou seja, nascer pela segunda vez.” Estas palavras ficaram gravadas na minha mente e me esforcei no sentido de colocá-las em prática na minha vida, o que me trouxe muitos benefícios.

18 de março de 1950          

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O HOMEM DEPENDE DE SEU PENSAMENTO

Para Meishu-sama, quando possuímos gratidão estamos comunicando o nosso coração com Deus e as boas energias, o que nos torna mais felizes, já o contrário também ocorre quando nos queixamos, do qual nos conectamos a uma frequência negativa.

Indo ao ensinamento...

É realmente verdade que gratidão gera gratidão e lamúria gera lamúria. Isto acontece porque o coração agradecido comunica-se com Deus, e o queixoso relaciona-se com Satanás. Assim, quem vive agradecendo, torna-se feliz; quem vive se lamuriando, caminha para a infelicidade.
A frase “Alegrem-se que virão coisas alegres”, expressa uma grande verdade.

3 de setembro de 1949

LIBERDADE NA FÉ

 Segundo Meishu-sama, a liberdade de credo é um problema relativo a maioria das religiões:

“Há inúmeras religiões – grandes, médias e pequenas – no mundo inteiro. Entretanto, todos pensam que sua religião é a melhor e, logicamente, considerando as demais de nível inferior, advertem insistentemente os adeptos para não terem nenhum contacto com elas. Dizem que as outras religiões provêm do demônio, que se deve temer o castigo de Deus e, ainda, que não se obterá a salvação seguindo a dois senhores.”

 É colocado que boa parte desta questão está relacionada ao medo destas religiões perderem os seus fieis ou até mesmo, surgirem imitações de seu credo. Para Meishu-sama “as religiões se assemelham aos cosméticos: quando são bem aceitos, surgem imitações”, sendo isso, um motivo de alegria, pois mostra que a religião foi bem aceita pelo povo.
O maior problema relativo a isto é quando um credo considera a sua religião como verdadeira, única e a melhor. Espiritualmente isso é aceito, pois é algo realizado a partir da sinceridade, mas materialmente trás grandes problemas, pois gera conflitos, inibindo a existência de uma vida paradisíaca em terra, gerando infelicidade e tristeza em diferentes escalas.
Portanto para Meishu-sama, todos os fieis devem realizar contatos com outras religiões, pois o conhecimento só é gerado a partir da pesquisa e experiência e dessa forma, ele destaca que para o verdadeiro Deus, o mais importante é a pessoa ser salva e ser tornar feliz, e não se prender a um dogma.

Indo diretamente ao ensinamento...


No Japão, a liberdade religiosa só foi alcançada após a promulgação da nova Constituição. Não é disso, porém, que vou tratar; pretendo discorrer sobre a liberdade na própria Fé.
Há inúmeras religiões – grandes, médias e pequenas – no mundo inteiro. Entretanto, todos pensam que sua religião é a melhor e, logicamente, considerando as demais de nível inferior, advertem insistentemente os adeptos para não terem nenhum contacto com elas. Dizem que as outras religiões provêm do demônio, que se deve temer o castigo de Deus e, ainda, que não se obterá a salvação seguindo a dois senhores.
Essas atitudes dependem de cada religião. Existem as que são muito rigorosas e cujos missionários procuram impedir o relacionamento dos adeptos com outros credos. Algumas até intimidam as pessoas dizendo-lhes coisas atemorizantes, como, por exemplo, que, se mudarem de fé, lhes advirão grandes desgraças, sofrerão doenças graves, perda da própria vida ou da família inteira, etc. É a costumeira tática utilizada pelas falsas religiões. Se nos basearmos no senso comum, perceberemos que tudo não passa de tolice, mas geralmente as pessoas se deixam influenciar, ficando indecisas. E isso não ocorre apenas com as religiões novas; mesmo nas religiões antigas e dignas de respeito acontecem fatos semelhantes, o que é incompreensível. Analisando bem, podemos concluir que o pensamento liberal não se restringe às áreas políticas e sociais. Parece-nos que os grilhões do pensamento despótico persistem também nas religiões.
Sendo como discorri acima, devo dizer, a respeito da liberdade em Religião, que promover vantagens para a Igreja em detrimento dos fiéis, cerceando sua vontade, é um abuso que atinge as raias do absurdo. Além do mais, empregar para isso a ameaça verbal, é algo que, a essas alturas, pode ser considerado uma imperdoável chantagem religiosa. Como ilustração, citarei o que tive ensejo de ouvir de uma pessoa: “Há muito tempo sou adepto fervoroso de determinada religião, mas vivo constantemente enfermo e não consigo livrar-me do sofrimento causado pela pobreza. Por esse motivo, fui perdendo a fé e resolvi abandoná-la. Entretanto, quando participei ao ministro a decisão que tomara, ele me disse coisas aterrorizantes. Sem saber como agir, venho pedir conselhos ao senhor.” Eu expliquei a essa pessoa que aquela religião, sem sombra de dúvida, era demoníaca e que o melhor seria deixá-la o quanto antes.
Exemplos como esses existem aos montes. O principal motivo que leva as religiões a tomarem tais atitudes é o medo que elas têm de ver diminuir o número de seus fiéis. Por outro lado, há uma razão que já se registra desde eras remotas. Quando a religião se torna atuante e conhecida, observa-se uma tendência para o aparecimento de imitações. Até mesmo com a nossa Igreja ocorre esse fato. Nessas oportunidades, eu explico que as religiões se assemelham aos cosméticos: quando são bem aceitos, surgem imitações. Ora, se isto acontece, é uma prova de que o produto foi bem aceito pelo povo. Portanto, ao invés de condenar o fato, devemos alegrar-nos com ele.
No cristianismo, parece que existe a mesma tendência, mas em outro sentido. Referimo-nos à advertência sobre a vinda do Anticristo ou falso salvador. Trata-se de uma advertência que apresenta não só pontos positivos como também negativos, pois, caso apareça o verdadeiro Salvador, será fácil confundi-lo com o falso, e muitas pessoas deixarão de ser salvas.
O mais grave, entretanto, é que muitos adeptos oferecem sua ardorosa fé acreditando que a religião que professam é a melhor de todas. Como são realmente sinceros, espiritualmente já estão salvos, e pessoalmente se sentem satisfeitos. Mas isso não é o certo. A verdadeira felicidade consiste em viver-se uma vida paradisíaca, em que a matéria esteja salva juntamente com o espírito. Embora sejam crentes fervorosos, muitos desconhecem esse particular; assim, é grande o número de pessoas que não conseguem se livrar da infelicidade.
A propósito, quero fazer mais uma advertência. O motivo pelo qual uma religião proíbe seus fiéis de terem contato com outras, talvez seja o receio de que eles possam encontrar uma religião superior. Isso significa que existe um ponto fraco nessa religião; portanto, os fiéis devem acautelar-se. Nesse ponto, nossa Igreja é realmente liberal. Todos os messiânicos sabem que até achamos muito útil o contato com outras religiões, porque, através das pesquisas, estamos ampliando nosso campo de conhecimentos. Por conseguinte, se acharem uma religião melhor que a Igreja Messiânica Mundial, podem converter-se a ela a qualquer momento. Isso jamais constituirá um pecado. Para o Verdadeiro Deus, o importante é a pessoa ser salva e tornar-se feliz.

8 de outubro de 1952

FÉ É CONFIANÇA

De acordo com as palavras de Meishu-sama, um verdadeiro homem de fé pode ser descrito da seguinte forma:

“que inspire confiança nos que convivem com ele; que todos confiem nas suas palavras; que, no contato com as pessoas, elas sintam que só lhes advirá o bem, porque ele é uma pessoa excelente.”


Para isso, se faz necessário não mentir e sempre favorecer primeiramente o próximo, sendo necessário deixar os interesses pessoais para segundo plano e isso deve se tornar uma característica do seu caráter, não algo temporário. Dessa forma, conquistaremos a confiança social e divina, algo que deve ser considerado um tesouro em nossas vidas, pois assim, nunca passaremos por grandes dificuldades, pois sempre estaremos amparados.

Indo ao ensinamento...





Existem muitas pessoas que seguem uma religião, mas o homem de verdadeira fé é raro. O fato de alguém se considerar um verdadeiro religioso, nada significa, porque o julgamento está baseado num critério subjetivo. Só é de fato um verdadeiro religioso aquele que assim for reconhecido objetivamente.
É necessário distinguir claramente como age um autêntico homem de fé. Teoricamente é simples: que inspire confiança nos que convivem com ele; que todos confiem nas suas palavras; que, no contato com as pessoas, elas sintam que só lhes advirá o bem, porque ele é uma pessoa excelente.
Obter tal confiança não é difícil. O essencial é não mentir e favorecer primeiramente o próximo, deixando os interesses pessoais relegados a segundo plano. As pessoas devem comentar a respeito desse homem: “É alguém que me ajudou, que me salvou... É pessoa muito bondosa... Seria um grande prazer tê-lo como amigo. É uma criatura muito agradável...” Tal indivíduo certamente terá o respeito e a estima de todos, o que é muito compreensível. Nós mesmos, se encontrássemos uma pessoa assim, desejaríamos cultivar sua amizade, confiar-lhe nossos problemas e nos sentiríamos ligados a ela. Essa dedicação, entretanto, não pode ter caráter passageiro. Exemplifiquemos com o arroz: quem se habitua com ele, a cada dia o acha mais saboroso. O homem de verdadeira fé pode ser comparado ao arroz.
No mundo, predominam pessoas que contrariam tudo o que acabamos de dizer: suas ações comprometedoras levam-nas a perder a confiança do próximo, sem que isto as preocupe. Mentem de tal forma, que podem ser desmascaradas a qualquer momento. Embora possuam boas qualidades, suscitam desconfiança e se desvalorizam aos olhos dos outros.
Mentir é uma grande tolice; basta uma pequena mentira para se ficar desacreditado. Se investigarmos por que certas pessoas não melhoram de situação, embora sejam esforçadas e assíduas no trabalho, veremos que elas não merecem crédito, devido às suas mentiras.
A confiança é realmente um tesouro. Quem a merece jamais passará por dificuldades monetárias, pois todos sentirão prazer em lhe fazer empréstimos. Estou me referindo à confiança entre os homens; mas obter a confiança de Deus é algo de valor inestimável. Se a conseguirmos, tudo correrá bem e teremos uma vida repleta de alegrias.
18 de junho de 1949

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

PRAGMATISMO

Se os atos das pessoas fossem realizados a partir da fé, de uma forma natural, simples e com total gentileza e nobreza no que está fazendo, elas se tornariam mais úteis para a sociedade e consequentemente, melhorariam o seu destino. De acordo com Meishu-sama: “ser polido, eliminando a fé grosseira.”

Indo para o ensinamento...


Na mocidade, apreciei muito a Filosofia. Entre as inúmeras teorias filosóficas, a que mais me atraiu foi o pragmatismo, do famoso norte-americano William James (1842-1910).
James achava que a exposição meramente teórica da filosofia constitui apenas uma espécie de distração; para ele, a filosofia só era válida se fosse colocada em ação. Acho interessante a sua teoria, cujo realismo autêntico é característico dos filósofos americanos. Aderi, portanto, às suas idéias e me esforcei por adotá-las em meu trabalho e na vida cotidiana.
O benefício que o pragmatismo me proporcionou naquela época, não foi pequeno. Mais tarde, quando iniciei meus trabalhos religiosos, julguei necessário aplicá-lo à Religião. Isto significa ampliar o campo religioso de modo que abranja a vida em geral. Então, o político não cometeria injustiças, porque, visando à felicidade do povo, promoveria uma boa administração, granjeando, assim, a confiança de todos. O industrial obteria a admiração da coletividade, pois exerceria a profissão honestamente; seus negócios progrediriam com segurança, porque ele mereceria a estima de seus empregados, que seriam fiéis no trabalho. O educador seria respeitado e teria notável influência sobre seus discípulos, educando-os com bases sólidas. Os funcionários e os assalariados em geral subiriam de posição, porque a Fé produz bom trabalho. A alma do artista irradiaria de suas obras, com grande elevação e força espiritual, exercendo influência benéfica sobre o povo. O ator, no palco, manifestaria nobreza, porque suas representações seriam baseadas na Fé, e os espectadores receberiam o reflexo de seus sentimentos elevados. Entretanto, isso não significa que as coisas se processassem com rigidez didática: tudo deveria ser agradável e atraente.
É fácil imaginar como melhoraria o destino dos indivíduos e como eles se tornariam úteis à sociedade, se seus atos fossem iluminados pela Fé, qualquer que fosse sua profissão ou situação.
Haveria, certamente, um cuidado especial: o pragma¬tismo religioso não deveria transformar-se em fanatismo, pois todo exagero é desagradável. A ostentação religiosa é uma das piores coisas que há. Existem muitas criaturas que exibem atitudes de religiosidade. Isso aborrece os outros. O ideal é ser natural, ser uma pessoa simples, pondo apenas mais gentileza e nobreza nos atos. Em uma frase: ser polido, eliminando a fé grosseira. Alguns devotos têm atitudes que lembram as dos psicopatas. São extremamente subjetivos, fazem do lar um ambiente triste, importunam os vizinhos e suscitam desconfiança sobre a religião que seguem. A culpa, no entanto, é de quem os orienta; por isso, o ato de orientar requer muita prudência.


25 de janeiro de 1949

terça-feira, 16 de agosto de 2016

RELIGIÃO PRAGMÁTICA


 Para Meishu-sama, “é necessário fundir a Religião e a vida prática, tornando-as íntimas e inseparáveis.” Para isso, é necessário agir de acordo com o senso comum, transformando a fé em algo imperceptível. Dessa forma, os bons atos vão vir a partir da naturalidade e não por uma questão religiosa.

Indo ao ensinamento....

O pragmatismo, doutrina sustentada inicialmente por Charles Sanders Peirce, famoso filósofo americano (1839-1914), chegou a ser uma filosofia de âmbito mundial, propagada por William James, que hoje é considerado seu criador. Dizem que pragmatismo significa utilidade prática; creio, entretanto, ser mais adequado aplicar o termo “ativismo”.
Acho desnecessário falar muito a respeito, porque se trata de uma teoria conhecida por todos aqueles que se interessam pela Filosofia. O que desejo falar agora, é sobre o pragmatismo religioso. Já me referi uma vez a esse tema, mas torno a abordá-lo, para melhor compreensão.
Quando falamos em ativismo religioso, temos a impressão de que todas as religiões estejam praticando ações de Fé. Todos conhecem propagandas por escrito, sermões verbais, orações, cultos, rituais religiosos, ascetismo e mortificações; infelizmente, porém, as religiões ainda não atingiram a vida prática. Em verdade, não passam de cultura mental.
O pragmatismo filosófico introduz a Filosofia na vida prática, acentuando, neste ponto, o caráter americano. Pretendo fazer o mesmo, com uma diferença: fundir a Religião e a vida prática, tornando-as íntimas e inseparáveis. Deixemos, pois, de ostentar virtudes, de isolar-nos, de ser teóricos como foram até hoje os religiosos, e sejamos iguais às pessoas comuns. Para tanto, é preciso que eliminemos toda afetação religiosa e procedamos sempre de acordo com o senso comum, a ponto de tornar a Fé imperceptível aos outros. Isso vem a ser a apropriação completa da Fé.
Com essa explicação, creio que puderam entender o que vem a ser ativismo religioso.

30 de maio de 1951

domingo, 14 de agosto de 2016

FILOSOFIA DA INTUIÇÃO

O nosso caráter é formado pelos conceitos, instruções, tradições, costumes entre outros itens presentes no dia-a-dia de uma pessoa, formando conceitos presentes no subconsciente e se transformando em uma barreira da qual é praticamente impossível percebemos.

Desta forma, Meishu-sama apresenta a teoria da intuição, do qual diz que é necessário observar tudo a partir do eu do momento, ou seja, criar uma impressão instantânea que é captada a partir da intuição correspondente a uma verdadeira substância do objeto em observação. Desta forma, estaremos nos libertando completamente de preconceitos.

Outro principio importante é que “todas as coisas se movem”, do qual, deve-se ter em mente que tudo está em um eterno movimento e que devemos observar o homem e as suas transformações a partir deste ponto de vista. 

Indo diretamente ao ensinamento...

Quando jovem, fui simpatizante da teoria de Henri Bergson, o eminente filósofo francês (1859-1941). Ainda me lembro dessa teoria e vou expô-la, nesta oportunidade, por considerá-la de grande proveito do ponto de vista religioso.
Segundo minha interpretação, a filosofia de Bergson baseia-se nestes três princípios: “Todas as coisas se movem”, “Teoria da Intuição” e “O eu do momento”. Dentre eles, o que mais me impressionou foi a “Teoria da Intuição”, a qual diz o seguinte: “É algo dificílimo ver as coisas exatamente como elas são, captar o seu verdadeiro sentido, sem cometer o mínimo engano.” Estudemos o porquê dessa afirmativa.
Os conceitos formados pela instrução que recebemos, pela tradição, pelos costumes, etc., ocupam o subconsciente humano formando como se fosse uma barreira, e dificilmente o percebemos. Tal “barreira” constitui um obstáculo quando observamos as coisas. Quando dizemos, por exemplo, que todas as religiões novas são supersticiosas, heréticas ou falsas, devemos esse julgamento à “barreira”, que está servindo de estorvo.
Os homens de hoje, através dos jornais, das revistas, do rádio e dos comentários públicos, constantemente tomam conhecimento de idéias e opiniões que concorrem para aumentar e solidificar essa “barreira”. Devido ao conceito de que as doenças só podem ser curadas pela medicina, a realidade é deturpada quando ocorre um milagre: dizem ser ação do tempo ou buscam mil explicações. Presenciamos tal fato com freqüência.
A “Teoria da Intuição” encarrega-se de corrigir tais erros, comuns entre os homens. Libertando-os, completamente, de preconceitos, ela os ensina a fazerem uma fiel observação dos fatos. Para isso é necessário ser “o eu do momento”, isto é, fazer com que a impressão instantânea, captada pela intuição, corresponda à verdadeira substância do objeto de observação. Caso presenciamos uma cura realmente milagrosa, devemos crer, pois essa é a verdadeira observação. Se, ao contrário, julgamos impossível que uma doença seja curada sem o auxílio de aparelhos ou remédios, significa que estamos sendo bloqueados pela tal “barreira” de preconceitos. Na hipótese de alguém acrescentar: “Isto é superstição, não pode ser verdade”, é porque a “barreira” do próximo está contribuindo para aumentar o obstáculo, e devemos ficar de guarda contra isso.
O outro princípio – “Todas as coisas se movem” – significa que tudo está em eterno movimento. Por exemplo: nós não somos os mesmos de ontem, nem mesmo o que fomos há cinco minutos atrás; o mundo de ontem não é o mesmo de hoje. Isso abrange também a sociedade, a civilização e as relações internacionais. Precisamos, portanto, fazer uma observação fiel, isto é, uma observação clara, do homem e de suas transformações.
Ao invés de modificarem seus pontos de vista e pensamentos, para acompanharem o constante movimento evolutivo, as religiões antigas criticam as religiões novas, servindo-se de conceitos religiosos milenares. Eis por que não conseguem ter uma idéia exata a respeito delas.
Esta é a teoria de Bergson aplicada ao campo religioso.

30 de janeiro de 1950

VERDADEIRA FÉ



Para Meishu-sama a duvida e a crença são inseparáveis.

“Quando estudamos seriamente as religiões, vemos que muitas apresentam falhas. Portanto, antes de seguirmos uma crença, devemos questioná-la bastante, desprender-nos de velhas ideologias e conceitos não comprovados e examinar tudo minuciosamente, de modo que possamos ingressar numa Fé que não apresente falhas. Assim, teremos certeza de que aquele é o nosso caminho.”

            Dessa forma, a religião que tenta impedir os seus membros de possuírem dúvidas ou frequentarem outras religiões apenas demonstra o seu temor por suas próprias falhas e fragilidade dos seus princípios. Meishu-sama destaca que espíritos malignos também podem promover milagres, iludindo os menos esclarecidos e os aprisionando em dogmas e superstições. Mas isso tem resultados que se manifestam segundo Meishu-sama a partir de “sofrimentos sem solução, que muitos interpretam, erroneamente, como provações necessárias a que estão sendo submetidos.”
Sendo assim, o objetivo da fé deve se exclusivamente Deus. Dessa forma possuiremos luz que dissipara as máculas do nosso corpo e alma. Quando nossa fé é movida por algum tipo de vantagem, acreditaremos em quaisquer coisas, sendo influenciados por espíritos malignos que nos pervertem e degeneram. 

Indo para o ensinamento...

Chu-tzu, sábio chinês (1130-1200), afirma que a dúvida é o princípio da crença. É a pura verdade.
No mundo atual, existe um grande número de religiões, a maioria das quais baseada em falsidades. Muitas adoram ídolos e até animais, sem o saberem. Pouquíssimas dirigem sua adoração diretamente a Deus, o Criador do Universo.
Digo sempre que a crença deve ser precedida do máximo de dúvida. Há caminhos religiosos que, embora não possam ser considerados falsos, são crenças de tipo inferior, pois não têm Deus como objetivo da fé.
Quando estudamos seriamente as religiões, vemos que muitas apresentam falhas. Portanto, antes de seguirmos uma crença, devemos questioná-la bastante, desprender-nos de velhas ideologias e conceitos não comprovados e examinar tudo minuciosamente, de modo que possamos ingressar numa Fé que não apresente falhas. Assim, teremos certeza de que aquele é o nosso caminho.
Existem seitas que pregam a necessidade de primeiramente crer para depois alcançar graças. Ora, crer antes de ter certeza, é o mesmo que enganar a si próprio. A meu ver, o procedimento correto é, antes de mais nada, experimentar ou limitar-se à observação e análise dos princípios e ensinamentos: verificar se eles são corretos e se há milagres (o que prova a atuação da Força Divina), para sentir se o novo caminho é digno de ser seguido como Verdadeira Religião.
Sabemos de seitas que tentam impedir que seus seguidores conheçam outros cultos. Na minha opinião, isso revela temor de que suas falhas e a fragilidade de seus princípios se tornem patentes. Se fossem religiões de nível muito elevado, nada temeriam. O adepto que, ao examinar uma nova crença, se convence da excelência da que já adotou, mais solidifica sua fé.
É bom, contudo, estar ciente de que também os espíritos malignos podem promover milagres, a fim de iludir os menos esclarecidos, aprisionando-os com dogmas e superstições. Em tais casos, no entanto, os resultados logo se manifestam: sofrimentos sem solução, que muitos interpretam, erroneamente, como provações necessárias a que estão sendo submetidos. Estes sofrimentos persistem, apesar de todos os sacrifí¬cios e orações fervorosas. As promessas, os jejuns, as privações, as penitências, etc., revelam-se totalmente inúteis. Diante de tal situação, inúmeras pessoas julgam-se abandonadas por Deus e afastam-se da Fé, caminhando para uma infelicidade maior.
Na religião que cultua somente a Deus, Criador do Universo, os fiéis podem, inicialmente, ser atingidos por doenças e infortúnio; entretanto, vencida essa fase de purificação das máculas, a situação será sempre melhor do que a anterior. Deus recompensa aquele que obtém resultados ao trabalhar no sentido de beneficiar a humanidade.
Aproveito o ensejo para prevenir o leitor contra o velho conceito: “Não importa qual seja a crença, contanto que se creia”. Isso é completamente errado. O objetivo da Fé deve ser única e exclusivamente Deus. De Sua adoração provém a Luz que dissipa as máculas do ser humano. Se, mediante vantagens iniciais, o homem crê em qualquer coisa, há influências malignas que o pervertem e degeneram. Nessa questão fundamental, a maioria não distingue o certo do errado. Por isso, quase sempre as graças são passageiras e acarretam mais desgraças do que felicidade.
Tratei deste assunto para que aprendam a distinguir a Verdade, não se deixando iludir por falsas crenças.


25 de janeiro de 1949