Se os atos das pessoas fossem
realizados a partir da fé, de uma forma natural, simples e com total gentileza
e nobreza no que está fazendo, elas se tornariam mais úteis para a sociedade e consequentemente,
melhorariam o seu destino. De acordo com Meishu-sama: “ser polido, eliminando a
fé grosseira.”
Indo para o ensinamento...
Na mocidade, apreciei muito a Filosofia. Entre as inúmeras
teorias filosóficas, a que mais me atraiu foi o pragmatismo, do famoso
norte-americano William James (1842-1910).
James achava que a exposição meramente teórica da filosofia
constitui apenas uma espécie de distração; para ele, a filosofia só era válida
se fosse colocada em ação. Acho interessante a sua teoria, cujo realismo
autêntico é característico dos filósofos americanos. Aderi, portanto, às suas
idéias e me esforcei por adotá-las em meu trabalho e na vida cotidiana.
O benefício que o pragmatismo me proporcionou naquela época,
não foi pequeno. Mais tarde, quando iniciei meus trabalhos religiosos, julguei
necessário aplicá-lo à Religião. Isto significa ampliar o campo religioso de
modo que abranja a vida em geral. Então, o político não cometeria injustiças,
porque, visando à felicidade do povo, promoveria uma boa administração,
granjeando, assim, a confiança de todos. O industrial obteria a admiração da
coletividade, pois exerceria a profissão honestamente; seus negócios
progrediriam com segurança, porque ele mereceria a estima de seus empregados,
que seriam fiéis no trabalho. O educador seria respeitado e teria notável
influência sobre seus discípulos, educando-os com bases sólidas. Os
funcionários e os assalariados em geral subiriam de posição, porque a Fé produz
bom trabalho. A alma do artista irradiaria de suas obras, com grande elevação e
força espiritual, exercendo influência benéfica sobre o povo. O ator, no palco,
manifestaria nobreza, porque suas representações seriam baseadas na Fé, e os
espectadores receberiam o reflexo de seus sentimentos elevados. Entretanto,
isso não significa que as coisas se processassem com rigidez didática: tudo
deveria ser agradável e atraente.
É fácil imaginar como
melhoraria o destino dos indivíduos e como eles se tornariam úteis à sociedade,
se seus atos fossem iluminados pela Fé, qualquer que fosse sua profissão ou
situação.
Haveria, certamente, um cuidado especial: o pragma¬tismo
religioso não deveria transformar-se em fanatismo, pois todo exagero é
desagradável. A ostentação religiosa é uma das piores coisas que há. Existem
muitas criaturas que exibem atitudes de religiosidade. Isso aborrece os outros.
O ideal é ser natural, ser uma pessoa
simples, pondo apenas mais gentileza e nobreza nos atos. Em uma frase: ser
polido, eliminando a fé grosseira. Alguns devotos têm atitudes que lembram
as dos psicopatas. São extremamente subjetivos, fazem do lar um ambiente
triste, importunam os vizinhos e suscitam desconfiança sobre a religião que
seguem. A culpa, no entanto, é de quem os orienta; por isso, o ato de orientar
requer muita prudência.
25 de janeiro de 1949
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